quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

É CARNAVAL

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Lá vem o tempo
É hora de vestir a fantasia
Porque os dias de folia
Já se aproximam

Eu quero sair, pular
Quero cantar de alegria
Em qualquer bloco
Preciso desfilar

Pode ser no bloco
Dos pirangueiros
Por que não
E logo ali
Vem chegando
Mais um cordão
Eu Quero Mais!

Cadê minha gente
Cadê meu pandeiro

Tragam bem depressa
Que eu quero ir atrás
Quando você, meu amor
Vier pra me buscar

No meio da multidão
Eu ainda vou querer
Pular, cantar e gritar
Até arrebentar
De tanta animação.

Conceição Pazzola

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

MIRAGEM

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Na areia meus pés marcam
O caminhar e no poente
O dia se vai docemente
Espero a noite chegar

Sigo sozinha pela escuridão
Levo a dor de mim sem você
Verto lágrimas de perdão

Luto contra o tempo de esquecer
O vento sopra nossa partitura
Devolve nosso amor e emoção

No sopro do vento
Ouço de novo tua voz
Cantando nossa canção
E na areia quero achar

Marcas de tua passagem
Anseio te ver chegar
Ao raiar de novo dia
Tudo é apenas miragem

Aqui estou a te esperar
Ainda é teu meu coração
Antes de nascer o sol
Sinto o calor de tuas mãos.


Conceição Pazzola

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

OTELO

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Vivia rondando pelo quintal, atrapalhando o sossego das galinhas e ninguém demonstrava gostar dele. Na hora do almoço, Otelo vencia a distância entre o quintal de sua dona Adelina e a nossa cozinha para ganhar ossinhos e pedaços de carne, eventualmente passados por baixo da mesa.
O cachorro menos bonito do mundo queria ser adotado pela nossa família, pois na casa de Adelina não havia aquela multidão de crianças de vários tamanhos, para dar-lhe boas alisadas no pelo sujo de tanto vadiar entre as três vacas do mini-curral de nossa vizinha.
Otelo desprezava seu lar de forma acintosa, só lembrado quando recebia um chute, uma canelada, ou um berro definitivamente claro: Sai daqui, vira-lata!
O coitado não guardava rancor. Além disso, o cheiro de nossa cozinha e o estômago vazio obrigava-no a voltar para baixo de nossa mesa onde recebia apetitosas sobras, atiradas a esmo. Criança e cachorro se entendem, a mesma coisa não acontece entre cachorro e adulto, ser imprevisível na maioria das vezes.
Um dia, Otelo magoou de modo involuntário o machucado na perna de um desses imprevisíveis seres, ora carinhosos, ora brutais, capazes de reagir estranhamente na hora em que sentem dor.
Nunca mais soubemos o fim do cachorro Otelo; ficou a triste lembrança de sua fuga repentina e do garfo enfiado entre seu pelo sujo e espesso.
Criança dificilmente assimila esses traumas.

Conceição Cardim Pazzola
14/1/2010