quinta-feira, 31 de julho de 2008

NINHO




O dia claro de sol
Reclama da gelidez da noite
Dentre a ventania inclemente
As lembranças doces afloram

Elas voam como pássaros
Ansiosos pelo azul esplêndido
Imensidão da liberdade
Soltas em busca de ti

Agredida e fraca choro
Sem teu sorriso a tua voz
Ao meu ouvido acalma
A imensa saudade

Lágrimas retidas a tempo
Estou em teus braços
Refugiada de novo no ninho
Amoroso em que me viciei


Conceição Pazzola
Olinda, 31/7/2008

sexta-feira, 25 de julho de 2008

AS FOLHAS E OS FRUTOS




Você se lembra amor, daquela mangueira plantada antes do nascer do sol, na hora em que a terra ainda dorme?

Mal o dia clareou fomos de mãos dadas para ver onde haveria de brotar, crescer e frutificar a sua nova árvore.

Olho pela janela o chão molhado e nada mais vejo, dela restou a mancha escura de óleo queimado, precaução para que o tronco cortado não voltasse a brotar.

Devorada pelos cupins a mangueira ainda servia de moradia para dois valentes pica-paus.

Agora a chuva cai na calçada, inútil, fria e lembro de quando a terra e o sol alimentavam a mangueira para que ela gerasse lindas mangas espada.

O muro de cinco metros da casa ao lado a proibiu de continuar verde, frondosa, mesmo assim resistiu bravamente até que você adoeceu.

Quase despercebida também definhou. Dominada pelos cupins o instinto de preservação imposto pela natureza obrigou-a a lutar. Galhos novos subiram desesperados em direção ao céu à procura de luz e calor enquanto lá embaixo continuava a devastação.

Há um ditado sobre o homem realizado: deixa filhos, árvores e livros.

Na primeira estiada fui ver o quintal. Lá estava o cajueiro viçoso que você também plantou; a laranjeira, o sapotizeiro, o jambeiro roxo sombreia a rua e a mangueira filha da outra continua no mesmo lugar, juntinho à caixa d'água. As árvores asseguram-me, você está aqui.

As folhas e os frutos a cada instante me dizem que a vida vale muito a pena.

Conceição Pazzola

Olinda, 25/7/2008


segunda-feira, 14 de julho de 2008

BODAS DE OURO



Amor de Carnaval é como uma passageira chuva de verão.

Vem com força total e logo se esvai; não se leva a sério.

Não foi assim o que aconteceu durante o Carnaval do Clube Municipal de Paulista há mais de cinqüenta anos atrás quando José Bezerra Filho, o jovem recém chegado do Recife habituado às conquistas fáceis conheceu Adhayl Cardim, a mocinha recatada de tradicional família da cidade industrial de Paulista, uma Paulista ainda dominada por costumes arcaicos.

Aí começaram as dificuldades porque os encontros entre um rapaz e uma moça aconteciam na presença de irmãos, pais ou de parentes mais velhos.

O amor falou mais alto e nenhum obstáculo conseguiu destruir.

O reencontro dos dois aconteceu na cidade do Rio de Janeiro quando José e Adhayl descobriram que a força do amor continuava igual ao primeiro dia em que se viram pela primeira vez.

E assim, diante de Deus e dos homens eles realizaram o grande sonho de se tornarem marido e mulher no dia 11 de julho de 1958.

Feita de muito amor e cumplicidade a família cresceu com a chegada dos filhos Marcos Adriano, George Gustavo e Luís Henrique, cercados também pelos netos, hoje, dia 11 de julho de 2008 eles comemoram as suas Bodas de Ouro.

Que Deus abençoe a união de José Bezerra e Adhayl Cardim que a vida e o amor uniu para juntos trilharem a mesma estrada.


Texto de Maria da Conceição Cardim Pazzola

LEITURA: ELENA PAZZOLA.



sábado, 12 de julho de 2008

EXPOSIÇÃO DE FOTOS

No dia sete de julho aconteceu a conclusão do Curso de Fotografia de Ravenna, que também é poliglota e começou a trabalhar na mesma tarde como professora de Inglês, aos dezoito anos.

Debaixo da sombrinha ela nos convida:

VENHAM
VER OS MEUS TRABALHOS...











O grupo dos POETAS INDEPENDENTES foi conferir.Ela ficou feliz
com a ilustre presença dos amigos Tânia França, Vera, o poeta-repórter José Calvino, nosso moderador Clóvis Campelo, sua Voinha e o fotógrafo amador Álvaro Coelho (que não aparece, é óbvio).

Quando a mamãe Elena chegou de tarde registrou presença com a amiga e também concluinte Dandara


















sábado, 5 de julho de 2008

ARNALDO



Na cidade industrial de Paulista, região metropolitana do Recife, a oito de julho de 1924 nasceu Arnaldo Cardim de Carvalho, o primogênito de Alfredo Cardim de Carvalho e de Sebastiana Ferreira de Araújo, ele comerciante e ela operária, depois voltada às prendas do lar.

Cresceu numa região dominada por chaminés de fábricas de tecidos e cercada pelos canaviais onde havia fartura de mão de obra barata explorada pelo coronelismo e donos de engenho. Viu a família crescer e a casa da Rua da Matinha se encher de irmãos.

De natureza combativa superou os obstáculos da origem humilde, limitações de instrução, saúde, dificuldades regionais e se projetou no cenário paulistense.

Durante cinqüenta e sete anos tentou ser acima de tudo o exemplo de filho, pai, irmão, tio, primo, avô, amigo e profissional competente.

Depois do casamento com Valdecy Torres deixou a Contadoria da Fábrica de Tecidos Paulista para se tornar fotógrafo autônomo.

Arnaldo Cardim se tornou indispensável nos eventos sociais ou particulares dentro e fora de Paulista.

Conquistou o seu lugar ao sol, um milhão de amigos e faleceu no dia 3 de outubro de 1980 derrotado na luta contra o câncer.

Já se passaram vinte e oito anos desde quando isso aconteceu. O nome do fotógrafo Arnaldo Cardim ainda é lembrado em Paulista ou pelos antigos moradores da região.

Arnaldo devorava livros, tornou-se autodidata e aprendeu a projetar moradias. Deixou o seu nome gravado na história do município por todo o sempre.

Correto, compreensivo, inteligente, a sua morte prematura transformou-o num ídolo e força propulsora que me ajuda nas horas adversas.

Arnaldo, onde quer que esteja saiba que continuo a amá-lo. Devo-lhe muito, principalmente as suas inesquecíveis lições de amor, compreensão e respeito ao ser humano.

Olinda, 08 de julho de 2008.

Conceição Pazzola


FOTO:
ARNALDO CARDIM - PRIMEIRO À ESQUERDA DA FOTO


SAUDADE


Penso em ti e só o vento é testemunha
silenciosa, quando sopra em meu rosto
desfaz a tua imagem de meus sonhos
acordo para a saudade e o desgosto

Lembro-te todo dia, toda hora
sinto falta apenas de retalhos bons
cortados de nosso hiato de amor
lembro deles até nos sons de agora

De nossa música, de tanto carinho.
Sobraram tuas juras, embora falsas

guardadas nos instantes em que juntinhos

vivemos o amor intenso, fugaz, esparso.

Vivo hoje a pedir por louca chance
mesmo impossível, para te dizer
quanto seria tão feliz se o acaso
trouxesse nem que fosse de relance
último instante em teus braços pra viver.



Conceição Pazzola
Olinda, 23/4/2003 (16:40)

Foto: Roma, julho - 1990