sexta-feira, 30 de março de 2007

SOU NEGRO


Meus avós foram queimados
Pelo sol da África

Minh'alma recebeu o batismo dos tambores

Atabaques, gonguês e agogôs

Contaram-me que meus avós
Vieram de Luanda

Como mercadoria de baixo preço

Plantaram cana pro senhor do engenho novo

E fundaram o primeiro maracatu

Depois meu avô brigou como um danado
Nas terras de Zumbi

Era valente como quê

Na capoeira ou na faca

Escreveu não leu

O pau comeu

Não foi um pai João

Humilde e manso

Mesmo vovó

Não foi de brincadeira

Na guerra dos Malés
se destacou
Na minh'alma ficou

O samba, o
batuque, o bamboleio
E o desejo de libertação...


Francisco Solano Trindade



Francisco Solano Trindade era poeta, pintor, teatrólogo, ator e folclorista. Nasceu no dia 24 de julho de 1908, no bairro de São José, e sempre lutou em prol da resistência negra. Fundou em 1936 a Frente Pernambucana Negra e o Centro de Cultura Afro-Brasileira, com o objetivo de divulgar a produção cultural dos intelectuais e artistas negros.

Na literatura, Solano estreou em 1944, com "Poemas de uma Vida Simples", e publicou ainda outros dois livros: "Seis Tempos de Poesia" (1958) e "Cantares ao Meu Povo" (1961). Em 1954, em São Paulo, fundou o Teatro Popular Brasileiro (TPB), onde desenvolveu uma intensa atividade cultural voltada para o folclore e para a denúncia do racismo.


quarta-feira, 28 de março de 2007

DESABAFO


Vem de longe o meu desejo

De abrir de par em par

Em todas casas que vejo

Ruas, praças aonde passar

Em todo canto, em todo lugar

Vem de longe, muito longe

É ânsia essa esperança

Embora seja tão insana

De te oferecer duas mãos

Recheadas de boa vontade

Sem nada e ninguém

Coisa nenhuma, o que for

Mais uma vez a sufocar

Nossos anseios de amor

Dilúvio danoso e voragem

Venha interpôr-se depois

Senão a certeza, a coragem

De continuarmos nós dois.

Conceição Pazzola

23/04/1990.

sexta-feira, 23 de março de 2007

O MUNDO DE SOFIA,, Jostein Gaarder - RESUMO



"A capacidade de nos surpreendermos é a única coisa de que precisamos para nos tornar bons filósofos (...) E agora tens que te decidir, Sofia:
és uma criança que ainda não se habituou ao mundo? Ou és uma filósofa que pode jurar que isso nunca lhe acontecerá?... Não quero que tu pertenças à categoria dos apáticos e dos indiferentes. Quero que vivas a tua vida de forma consciente."

À primeira vista, o livro nos remete para o romance banal de Sofia Amundsen. Às vésperas de completar quinze anos a menina recebe um envelope misterioso enviado por um não menos misterioso Alberto Knox, com perguntas tais como De onde vem o mundo? Quem é você? De onde você vem? E um cartão postal para “Hilde Moler Knag a/c de Sofia Amundsen”, seguidos de alguns papéis de um curso de filosofia.

Naturalmente curiosa, Sofia se interessa em resolver o enigma, torna-se aluna de filósofo de cinqüenta anos Alberto Knox que a introduz no pensamento de Sócrates, Aristóteles, Platão, Demócrito, o Império Romano, o Renascimento, o Cristianismo, o Iluminismo, René Descartes, Spinoza, o Romantismo, Marx, Darwin, Freud, Hegel, e muitos outros.

Alberto Knox começa totalmente anônimo, aos poucos deixa que a menina descubra mais coisas a seu respeito, até que eles se conhecem.

A intrigante história de Sofia e Alberto (o seu professor) é muito mais que um enredo banal. À medida que o curso de filosofia vai se desenvolvendo, Sofia e Alberto começam a sentir que eles estão inseridos em outra realidade além daquela em que vivem.

Durante o desenrolar do curso, Sofia lida com personagens como Chapeuzinho Vermelho, Aladim, e outras que um dia foram criadas para viverem dentro de uma narrativa infantil. Existem apenas em nossa lembrança porque um dia as conhecemos nas páginas dos livros. A inquietude e a curiosidade se tornam cada vez mais agudas, principalmente quando Sofia Amundsen descobre que os papéis recebidos são enviados por Alberto Knox, mas, o cartão postal vem de uma outra pessoa, um agente de paz da ONU no Líbano, que se chama Alberto Knag e tem uma filha de nome Hilde que também vai completar quinze anos, cujo dia de aniversário coincide com o seu.

No último capítulo, afinal Sofia descobre que ela e seu professor Alberto são apenas duas personagens do livro que o agente de paz da ONU Alberto Knag escreveu para presentear a sua filha no seu aniversário. Eles não existem.

MISTÉRIOS DO CORAÇÃO


Eu me sentiria feliz se,
pelo menos uma vez,
eu estivesse quieto no meu canto, parado,
e você me procurasse,
sem que eu tivesse que mover um dedo,
nem sequer esboçar um sorriso.

Eu me sentiria muito feliz se,
ao cair da tarde, encontrasse seu coração
entrando em meu silêncio,
devassando minha solidão,
desprezando minha timidez,
sem sequer mudar nada em mim.

Eu me sentiria irremediavelmente feliz,
se eu tivesse me dado conta
de pelo menos uma,
das tantas vezes em que isso aconteceu,
não só com você,
mas com tanta gente que eu quis.

Roberto Shinyashiki

Roberto Shinyashiki, 53 anos, é psiquiatra e psicoterapeuta • Já vendeu 6,5 milhões de exemplares de livros como Amar
pode dar certo e
O sucesso é ser feliz • Presidente da Editora Gente, conclui este ano o doutorado em administração de empresas na USP • Católico praticante, freqüenta templos budistas e admira mestres da Índia como Osho, Sai Baba e Ramesh • Apaixonado por guitarra, apresenta-se uma vez por mês com o grupo Dinossauros Rock Band em um bar paulistano.

domingo, 18 de março de 2007

ANNA KARENINA, RESUMO


ANNA KARENINA

Leon Tolstói

“Minha é a vingança e a recompensa” Deuteronômio 32:35


O magnífico romance do grande escritor Leon Tolstoi tem por cenário a Rússia czarista onde a mulher é inserida numa sociedade hipócrita, decadente e dominada por grandes senhores de terras.

Até conhecer o homem que mudaria radicalmente o seu modo de agir, Anna partilha com o marido de uma família aparentemente sólida, sequer desconfia que a vida não se resume apenas às obrigações impostas pelo marido que a exibe nos salões como objeto precioso.

Tudo acontece quando vai a Moscou a fim de tentar salvar o casamento de seu irmão que estava em crise. Consegue, entretanto apaixona-se por um aristocrático militar, por ele abandona o marido e o filho pequeno. Dominada pela intensa paixão esquece as obrigações e viaja com o seu amado para o exterior; o remorso, a saudade do filho devagar destroem a felicidade que ela imaginava encontrar nos braços de seu amante. Devagar a paixão vai se diluindo, Anna percebe que é impossível voltar atrás, entra em desespero, deixa o causador de sua desgraça e atira-se embaixo de um trem.

O livro prossegue com outro personagem, um jovem proprietário de terras rurais que se debate entre conflitos de classe com os lavradores e problemas existenciais, que passam a segundo plano quando ele se apaixona por uma jovem simpática e cheia de vida, que se torna a sua esposa. Apesar de haver encontrado a felicidade ao lado de sua querida Kitty, Lievin mergulha de novo nos problemas existenciais, até conhecer um velho mujique que ensina-o a procurar confiança e Fé em Deus para cuidar da saúde de sua amada esposa. Lievin descobre as respostas para os seus questionamentos, torna-se confiante e vai para os braços de Kitty que espera um filho seu.

sexta-feira, 16 de março de 2007

QUINZE ANOS DEPOIS...


Quando voltares para casa

Estarei na cama dormindo

Toda a mobília renovada

E nossas crianças sorrindo

Quando voltares para casa

Acharás a mulher perfumada

As panelas sobre o fogão

E todas lâmpadas apagadas

Quando voltares para casa

Notarás a família reunida

Todas as janelas abertas

E teus filhos cheios de vida

Quando voltares para casa

Todos ouvirão indiferentes

Os teus passos na entrada

Ninguém pulará de contente

Quando voltares para casa

Pensa direito um instante

Antes de desfazer tua mala

Para um detalhe importante

Quando voltares para casa

Sem afago no cabelo revolto

Diante da fechadura trocada

E do novo cachorro solto.


Conceição Pazzola 19/2/2007

domingo, 11 de março de 2007

É CARNAVAL


Lá vem o tempo

De vestir a fantasia

Porque os dias de folia

Vão chegar

Eu quero pular

Quero cantar de alegria

Em qualquer bloco

Vou ter de desfilar

Pode ser no bloco

Dos pirangueiros

Por que não

E logo ali

Vem chegando

Mais um cordão

Eu Quero Mais

Cadê a minha gente

Cadê o meu pandeiro

Tragam bem depressa

Que eu quero ir atrás

Quando você meu amor

Vier pra me buscar

No meio da multidão

Eu ainda vou querer

Pular, cantar e gritar

Até me arrebentar

De tanta animação...

Conceição Pazzola

24/1/2007

quarta-feira, 7 de março de 2007

OFERENDA


Veio, no cheiro do tempo,
este tempo molhado
com pingos vermelhos.

Veio da terra sulcada,
na rosa de sangue
que não vai murchar.

Veio, no vento inconsútil,
nas asas do sonho,
no imo de mim.

Veio, no tempo das flores,
dos corpos salgados
de brisa e de mar.

Veio da pele sulcada,
o amor feito rosa
que eu quero te dar.



Yêda Schmaltz

sábado, 3 de março de 2007

A IDADE DA RAZÃO, RESUMO

L’Âge de Raison) Jean Paul Sartre

O mestre do Existencialismo criou um enredo envolvente na atmosfera e na vida noturna de Paris. A convivência do professor Mathieu com os amigos e alunos na noite parisiense é o charme do romance. Apesar de morar na famosa Rua Montmartre no centro de Paris, Mathieu vive tentando resolver o seu problema angustiante de falta de dinheiro para que sua amante pratique o aborto de um filho, que ele acredita ser indesejado também por ela. Quatro vezes por semana quando todos dormem, ele encontra Marcele, ambígua e misteriosa, de quem deseja livrar-se por causa de Ivich, jovem irmã de Bóris, que é amante de Lola Montero, a cantora do cabaré. Lola Montero é viciada em drogas, venera Bóris, belo e muito mais jovem que ela. Ivich aceita ser cortejada embora finja desprezar Mathieu.

Ivich teme o fraco desempenho nos exames porque terá de partir para Laon onde moram os pais.

Daniel, a quem Mathieu estima, tenta esconder a homossexualidade, odeia Mathieu por considerá-lo uma pessoa sem defeitos, inveja a sua relação com Marcele que visita nas noites em que está sozinha até convencê-la a não abortar o filho que espera de Mathieu.

Quando Marcele resiste à idéia de abortar, Mathieu retira-se contrariado. Em casa hesita em voltar para ela, confessar que a ama e propor-lhe casamento. Daniel aparece, declara ser pederasta e o próximo casamento com Marcele para que seja o pai de seu filho.

Quando ele sai, Mathieu sente falta de Ivich que partiu para Laon. Acredita haver chegado à idade da razão.