sábado, 11 de agosto de 2007

PAIS SÃO ESPELHOS PARA OS FILHOS


Pai... - Não me dês tudo o que te peço
Às vezes meus pedidos querem apenas ser um teste,
para ver o quanto posso pedir.

- Não grites comigo
Eu te respeito menos, quando o fazes
E me ensinas a gritar também, e eu não quero fazer isso.

- Não me dês ordens a todo momento
Se em vez de mandar, algumas vezes externasses teus desejos sob forma de pedidos, eu o faria mais rapidamente e com mais gosto.

- Cumpre as promessas que fazes, boas ou más

Se me prometes um prêmio, deves concedê-lo;
assim como um castigo.

- Não me compares a ninguém, especialmente com meus irmãos
Se me colocas acima deles, alguém vai sofrer
Se me colocas abaixo, eu é que sofro.

- Não mudes de opinião a cada momento sobre o que devo fazer
. Pensa antes, mantendo a decisão.
- Deixa que eu faça, acertando ou errando

Se fazes tudo por mim, serei um eterno dependente.

- Nunca pregues uma mentira,
nem me peças que eu o faça
Isso criará em mim um mal-estar e me fará perder a confiança em tudo o que afirmas.

- Quando te enganas em alguma coisa, admite-o francamente
Isso não te diminuirá a meus olhos,
pelo contrário,
te fará crescer e eu aprenderei a assumir minhas faltas.

- Quando te dás conta de um problema meu não digas que é bobagem que o tempo corrige ou que não tens tempo
Eu preciso ser compreendido e ajudado.

- Trata-me com a mesma amizade e a mesma cordialidade com que tratas teus amigos
Pelo fato de pertencermos à mesma família,
não significa que não possamos ser amigos também.

- Nunca me ordenes fazer uma coisa
Quando tu mesmo não a fazes
Eu aprendi a fazer sempre
e apenas aquilo que tu fazes
e não aquilo que tu dizes
.

Eu te amo muito, pai!

(autor desconhecido)


Conceição Pazzola

11/8/2007


terça-feira, 7 de agosto de 2007

A DANÇA DA BORBOLETA



A escola e o bairro não passavam daquilo. Paupérrimos, quase miseráveis. Para realizar aquele projeto e montar o teatro infantil desdobrou-se sozinha, queria dar conta do recado. Sua marca de mulher obstinada, quando encasquetava uma coisa na cabeça, sai de baixo. Perdeu noites e muitas tardes, trabalhou durante o ano inteiro na tentativa de disciplinar, ensaiar, confeccionar cenário e roupas. O mais difícil já conseguira, as meninas trouxeram o consentimento assinado pelos pais. Na reunião de pais e mestres encenaria o Auto de Natal.

Chegou o grande dia. Escapuliu da vigilância cerrada de colegas e diretora, mal se encontrou sozinha abriu a cortina. Tremeu da cabeça aos pés: a cidade inteira parecia ter vindo à escola, não havia nenhum lugar vazio.

Impaciente, a platéia começou a bater os pés, a reclamar pela demora. Com muito esforço conseguiu controlar-se e foi buscar as “artistas” na sala contígua. Estavam em pé de guerra de tão excitadas. Parecia um pandemônio, deu um trabalhão acalmá-las. Aquela criança tímida e arredia que ameaçava fugir na hora agá precisava de todo o seu desvelo... Teve uma idéia. Tirou o batom da bolsa, puxou-a para longe das outras, mostrou-lhe o espelho antes de pintar seus lábios. A menina sorriu de tanta felicidade. Ainda não havia pregado o laçarote de papel crepom vermelho na cabeça, fez tudo em ritmo acelerado, em seguida a empurrou para onde as demais já estavam perfiladas atrás da cortina. Não havia tempo para mais nada. Deu o sinal, a cortina subiu quando a música começou a tocar. Sem perder nenhum movimento, não conseguia parar de cantar, a voz trêmula pelo nervosismo: Borboleta pequenina, venha cá nesse portal, venha ver quanta menina, hoje é noite de Natal...

Pronto, conseguira.

Os murmúrios de aprovação cada vez maiores confirmavam as batidas aceleradas dentro do peito: um sucesso!

Súbito, o sangue gelou em suas veias. Impossível não ouvir os cochichos, os risos vindos da platéia.

Cresceram de intensidade. Um frio percorreu-lhe a espinha, gesticulou frenética atrás da cortina sem que fosse obedecida.

Aquilo não podia estar acontecendo.

Desolação? Sem ligar para as gargalhadas insuportáveis, invadiu o palco, puxou-a do meio das outras, um grande ponto de interrogação parecia pular de suas pupilas assustadas: Por que?

Longe de olhares e risos obrigou-a a virar-se, a boca cheia de alfinetes começou a pregar com dedos nervosos a saia de papel crepom vermelho. Sem que percebesse, um volteio brusco e pronto. Abrira-se, pusera à mostra a calcinha de cetim e o pompom branco para deleite dos que assistiam.

Caiu no choro e nada a fez voltar para terminar a dança da borboleta.


Conceição Pazzola

Agosto/2007.

A SAUDADE MESQUINHA




Na varanda da saudade

me debruço e choro

a tua ausência

nessa tarde

na varanda da saudade

deixo para trás

o amor que não volta

nunca mais

e passo a sorrir

como louca sozinha

por chorar e sentir

a saudade mesquinha

de ti, de alguém

que criei e sonhei

a quem e ninguém

pertencerei.

Conceição Pazzola

16/2/2007.

sábado, 4 de agosto de 2007

PERDÃO


Na areia meus pés foram marcar

o novo amanhecer e o poente

esperei a noite se aproximar

vi a luz desvanecer suavemente

Segui sem pressa pela escuridão

comigo foi a dor de mim e de você

verti doces lágrimas de perdão

lutei com o tempo de esquecer

O vento bafejou nossa partitura

trouxe um amor e toda emoção

incontida meiguice e ternura

uma voz a cantar nossa canção

De novo pela areia tento achar

sinais e marcas de tua passagem

tantas vezes sonhei te ver chegar

ao raiar de novo dia, só miragem

ainda te dedico meu coração

vejo no céu novo sol despontar

acaricio nas minhas tua mão

te espero meu nome murmurar.

Conceição Pazzola

1/8/2007