segunda-feira, 17 de novembro de 2008

LÁGRIMAS


Mulher chorando, Cezaro de Luca





Quando o coração chora
Sem motivo aparente
Lágrimas secam na face
Uma a uma lentamente

Lágrimas de um coração
Diante do ser desalmado
Quando chega sem aviso
Enlouquece em disparada

Furtivas lágrimas repartidas
No clímax duplo do amor
Prova de total plenitude
Antes de voltar a dormir


Lágrimas fustigam a pele
Aquecem o frio na dor
De uma perda inesperada
Só desconsolo e desamor.



Conceição Pazzola

domingo, 9 de novembro de 2008

VISTA A MINHA PELE


Navio Negreiro de Castro Alves, imagem Google


Poema Para 20 de Novembro

Dia da Consciência Negra


Dia da consciência branca

Dia da consciência pesada

Silas Corrêa Leite



Vista a minha pele
Você conseguiria?
Seja negro só por um dia
Seja preto por mim
Somando todas as minhas cores assim

Vista a minha pele
Sinta a minha cor
Seja você quem for
Capture a minha dor
Lá dentro de mim
E procure me compreender melhor assim


Vista a minha pele
Eu sou igual a você
Ser humano porque
Corpo, Mente, Coração
Então, por que racismo e discriminação?


Vista a minha pele
Sou vermelho por dentro
E negro sempre cem por cento
Afrodescendente
Além de para sempre
Inteiramente ser humano e sobretudo gente


Vista a minha pele
Vista-se de mim
E procure me entender seu igual assim
Seu irmão da maravilhosa e cósmica raça
E então veja tudo o que dentro de mim se passa


Assim você confere
Assim você vai se sentir
Dentro da minha pele
Como eu quero ser árvore e florir
Como eu quero ser janela e me abrir
Como eu quero ser estrada e prosseguir
Que eu quero ser estrela e sorrir
Sem ninguém para me ferir
E você vai captar então
A pureza do essencial
O que eu quero é total libertação
E todos iguais na coloração
Numa democracia racial


Vista a minha pele
Seja um pouco eu mesmo por aí
Dentro de você - para você sentir
Sou preto brasileirinho
Sou negrão e sou negrinho
Sou negro do seu mesmo valor
E tenho a Mama-África no meu interior

Depois de me vestir e de se sair de si
Deixando de ser eu negão aí
Venha me estender a sua mão
E de coração para coração
Abrace-me como um seu completo irmão
Pois a nossa pele espiritual será uma só então
Numa sagrada celebração.

-0-

Silas Corrêa Leite, de Itararé-SP, Poeta, Educador, Coordenador de Pesquisas da FAPESP-USP-Culturas Juvenis – Autor de “Porta-Lapsos”, Poemas, e “Campo de Trigo Com Corvos” Contos, Editora Design
EMEF José Alcântara Machado Filho, Real Parque, AR-BT, São Paulo-SP
Endereço eletrônico: poesilas@terra.com.br
Site: www.itarare.com.br/silas.htm

Texto da Série: Afrobrasilis – “Amalgamados - Dos Filhos Deste Solo”

(Silas Corrêa Leite, inédito)