quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

QUEM SOU EU


Serei mula sem cabeça

Se cair em telhado errado

Antes que o pior aconteça

Casei de papel passado...



Vivo a inventar tanta coisa

Vivo a fugir dos vexames

Preferia ser menos doida

Em respeito ao sobrenome



No espelho busco a pessoa

Sou assustada e ansiosa

Tento mostrar que sou boa

De coração, não sou formosa.



Oculto espinhos se preferem

Exalo somente odor de rosas

Sei da meiguice de mulheres

Exímias no fogão, talentosas



Escondo minhas cicatrizes

Preservo cada uma sem pudor

São lembranças bem felizes

De tantos anos inesquecíveis

Em cidade pequena de interior



A vida sossegada, os bondes

O respeito ao coronel ao Doutor

Na terra onde o vento se esconde

Terra de gente de grande valor



Venho de família muito grande

Dela herdei o amor à tradição

Medo, Respeito a Deus, o Amor

À cultura, ao estudo, à religião

Sem classe. Sem face. Sem cor.



Descreio somente no destino

Piso na vida com cuidado

Sou a esposa a mãe de família

Poeta do presente sem passado



Tento correr na mesma trilha

De tantas Marias Talvez

Sem lamentos com alegria

Não disfarço a timidez



Procuro nos ares a poesia

Esbarro em tanta bobagem

Desperto as doces melodias.

Caminho sem medo, radiante

E agradeço a todo instante.



Conceição Pazzola.



Olinda, 20/05/2002.




 

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