PETER PAN

AINDA ESPERO REVER UM DIA
QUE NÃO SEJA MUITO LONGE
NESSE MESMO ESPELHO
QUE TEIMA EM EXIBIR
NESSA MÁSCARA ENEVOADA
TRISTONHA E TÃO IGUAL
ANTIGA E ENRUGADA MÁSCARA
IMUTÁVEL, TÃO SEM GRAÇA
QUE ME OLHA PARALISADA,
A CRIANÇA ESPONTÂNEA E SINGELA.
AINDA VOU ACHAR GRAÇA
QUANDO APERTO AS MÃOS
EM VOLTA DE TEU ROSTO SÉRIO
DE GENTE SEMPRE GRANDE
ESQUECIDA DE BRINCAR
AINDA QUERO VER O ENCANTO
DE UMA NOVA AURORA
COM OLHOS DE CRIANÇA
ALEGRIA INGÊNUA DE ESPERAR
QUANDO A NUVEM FOR EMBORA,
O GALOPE DO CAVALO BRANCO
ONDE SÃO JORGE COM A ESPADA
COMBATE O INIMIGO DRAGÃO
DE TANTOS SONHOS MAL VIVIDOS
E TANTAS HORAS MAL DORMIDAS
SOLITÁRIAS E PERDIDAS
DAQUELE FEIO TEMPO
DE BRINCAR DE GENTE GRANDE.




Conceição Pazzola
03/10/1998