quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

PRETENSÃO



Serei o vento a brincar nas palmas

De coqueiros

Em nuvens do céu

Serei a brisa que geme suave

Na copa de árvores

E alvoroça as ondas do mar

Irei buscar espumas

Nos grãos de areia

Talvez no firmamento tocarei

Na lua, nas estrelas,

Nos cumes de montanhas



Lei nenhuma me prenderá

No chão

O céu será a minha casa

Na amplidão

Frio, calor, ódio, dor

Alegrias

Tudo enfim esquecerei



Gotas de chuva a escorrer

Pelo chão

Pelo tronco de árvores

Partículas de mim

Serão

Mesclas de belas cores

Do ocaso nas tardes

Multicores

Sem mais pressa

Sem nada.



Serei o escuro da noite

Nas águas calmas do rio

Serei aurora

Nas madrugadas

E nada, ninguém mais deterá

Eterna e maravilhosa será

A esperada e doce

Liberdade



Esquecerei todos sofrimentos

Desgosto, lágrimas

Angústia

Sem corpo, sem entranhas

Sem correntes corporais

Acharei enfim amor

E a paz



Buscarei braços e abrigo

Como frágil e carente

Criança

Sem dores humanas

Sem perigo

Conhecerei a bonança



Viverei no espaço infinito

Nas brancas nuvens do céu

Nenhum som, nenhum grito

O mundo perfeito será meu

Sem palmas, sem adeus.


Conceição Pazzola


20/10/1981.




 

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