quinta-feira, 17 de maio de 2007

O GOSTO DE VIVER


Ainda pode haver esperança genuína

Entre os grandes deste mundo

Em que podes te sentir um menino

Sem preço, nem hora.

Como as fases da lua impassível

No passeio azul e branco de agora

Entre as passageiras nuvens

Deste íntimo novo céu de aurora...

Sentirás no barulho efêmero do vento

E da chuva. Em rumo tranqüilo

A escoar pela terra.

Sem preço, nem hora...

Vai a caminho do mar ou do rio.

Onde se escondem todos os mistérios

De peixes e de estrelas desgarradas

No brilho ímpar do espelho das águas

Refletida está a generosa mãe submersa

Sem preço, nem hora...

Em ti ainda pode haver latente

O desejo secreto e sem limites

Tão simples, ardente, incomparável...

De sentir. E só teu. O gosto de viver.


Desfeitos todos os inúteis adornos

Extintos os teus desejos ambíguos

Antigo acervo de tantas conquistas.

Sobram terrenos carimbos interiores.

Somente ficaram tatuagens invisíveis

Desse teu longo roteiro percorrido

Sem preço, nem hora.

Poderás ter novamente a tua chance

Valioso resgate da simplicidade

Se souberes reter contigo

Nesse instante eternidade

A essência do que te falo, agora.


Conceição Pazzola



Olinda,
27/08/1997.

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