Ainda pode haver esperança genuína
Entre os grandes deste mundo
Em que podes te sentir um menino
Sem preço, nem hora.
Como as fases da lua impassível
No passeio azul e branco de agora
Entre as passageiras nuvens
Deste íntimo novo céu de aurora...
Sentirás no barulho efêmero do vento
E da chuva. Em rumo tranqüilo
A escoar pela terra.
Sem preço, nem hora...
Vai a caminho do mar ou do rio.
Onde se escondem todos os mistérios
De peixes e de estrelas desgarradas
No brilho ímpar do espelho das águas
Refletida está a generosa mãe submersa
Sem preço, nem hora...
Em ti ainda pode haver latente
O desejo secreto e sem limites
Tão simples, ardente, incomparável...
De sentir. E só teu. O gosto de viver.
Desfeitos todos os inúteis adornos
Extintos os teus desejos ambíguos
Antigo acervo de tantas conquistas.
Sobram terrenos carimbos interiores.
Somente ficaram tatuagens invisíveis
Desse teu longo roteiro percorrido
Sem preço, nem hora.
Poderás ter novamente a tua chance
Valioso resgate da simplicidade
Se souberes reter contigo
Nesse instante eternidade
A essência do que te falo, agora.
Conceição Pazzola
Olinda, 27/08/1997.
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