segunda-feira, 8 de setembro de 2008

SEM VOCÊ










Foto: Cezanne, Árvores no Jaz de Bouffan.




É sempre assim
Quando a tarde cai
Ele vem devagarinho
Como quem não quer nada

Vem sem ser chamado
Leva o calor esconde o sol
Protegido atrás das nuvens
É hora e vez do intruso frio
No corpo, na alma solitária

Vazios estão meus braços
Nesse grande mundo frio
Gelados ossos arrepiados pêlos
De quem ainda não percebeu
O vazio e o desmantelo

Chega mansinho, vem devagar
Como quem não quer nada
Devolve ondas calorosas
Quando a noite se avizinha

Aparece envolto em luar
Deixa-me
aconchegada
Esquecida de fraqueza, dou
Olhares suplicantes à lua

Entre nuvens sombrias
É só miragem, é mentira
Doce embora efêmera
Antes que sumas

Aninhada em teu colo
No meio da noite escura
Nem a lua me responde
Onde estás agora

É sempre assim
Quando a noite vem
E a ventania murmura
Despeço-me
Dos belos dias de verão

Até quando devo agüentar
O longo inverno sem te ver
Sem meias nos pés a esperar

Ouvidos atentos aos barulhos
Do vento que sopra e traz
Embalos dementes do amanhecer
Sozinha e sem você.

Conceição Pazzola

12/7/2008



2 comentários:

Muadiê Maria disse...

Lindo, Ceiça.
Ausência é um estar em ti.(Diria Drummond)
beijo

Anônimo disse...

Esse vazio que nada preenche. Vazio que enche o coração de espera. Vazio que você descreveu muito bem!

Beijo!