Foto: Cezanne, Árvores no Jaz de Bouffan.
É sempre assim
Quando a tarde cai
Ele vem devagarinho
Como quem não quer nada
Vem sem ser chamado
Leva o calor esconde o sol
Protegido atrás das nuvens
É hora e vez do intruso frio
No corpo, na alma solitária
Vazios estão meus braços
Nesse grande mundo frio
Gelados ossos arrepiados pêlos
De quem ainda não percebeu
O vazio e o desmantelo
Chega mansinho, vem devagar
Como quem não quer nada
Devolve ondas calorosas
Quando a noite se avizinha
Aparece envolto
Deixa-me
Esquecida de fraqueza, dou
Olhares suplicantes à lua
Entre nuvens sombrias
É só miragem, é mentira
Doce embora efêmera
Antes que sumas
Aninhada em teu colo
No meio da noite escura
Nem a lua me responde
Onde estás agora
É sempre assim
Quando a noite vem
E a ventania murmura
Despeço-me
Dos belos dias de verão
Até quando devo agüentar
O longo inverno sem te ver
Sem meias nos pés a esperar
Ouvidos atentos aos barulhos
Do vento que sopra e traz
Embalos dementes do amanhecer
Sozinha e sem você.
Conceição Pazzola
12/7/2008
2 comentários:
Lindo, Ceiça.
Ausência é um estar em ti.(Diria Drummond)
beijo
Esse vazio que nada preenche. Vazio que enche o coração de espera. Vazio que você descreveu muito bem!
Beijo!
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