O globo da morte, a motocicleta voadora, os trapezistas, a dançarina sobre o cavalo, os palhaços, os pernas de pau, tudo ofuscado pela janela por onde se podia ver o cadáver de pescoço perfurado por peixeira afiada. A trupe circense sem máscaras, sem fantasias soluçava a perda da atriz principal, mulher do dono do circo. Depois da longa noite de velório nunca mais se ouviu falar deles.
“Hoje tem espetáculo? Tem sim senhor! Às seis horas da noite? Tem sim senhor!
E o palhaço o que é, é ladrão de mulher?”
A tarde que prometia ser de festa terminou mais cedo quando o menino foi devorado pelo leão diante do pai. Os animais sumiram dos picadeiros enquanto durou a comoção popular.
Não dá para esquecer o circo de Niterói que pegou fogo num domingo festivo.
Morte e circo não combinam.
Prefiro transportar-me ao momento feliz em que fui com meu pai, há tanto tempo atrás, pela primeira vez desvendar o mistério, o colorido, a alegria esfuziante da lona armada na Rua da Mangueira.
Somente um homem e uma menina de vestido domingueiro a devorar com olhos abismados o espetáculo inesquecível tantas vezes sonhado.
Conceição Pazzola
30/9/2008
3 comentários:
Ceiça
Na minha infância assisti ao Circo de Escavalinho Genérico e a maior atração era uma cadela vira lata Chiquita. A MALABARISTA XINGOU O PARCEIRO QUE TINHA APERTADO O SEU PÉ , CALÇADO NUMA CONGA AZUL. Mas adorei tudinho!
Bjs com pipoca doce!
Liris
Morte e circo não combinam... Pois é, nem Pão e circo.
Ceiça amada, voltei.
E foi do Caminho de Santiago de Compostela, sim.
Santiago do Iguape foi apenas um treino.
Preciso arranjar tempo para escrever, descrever...
Foi muito bom, posso te adiantar.
um beijo imenso e peregrino
O circo é o mundo.
A divina comédia humana não para.
Cara de palhaço, pinta de palhaço, roupa de palhaço, é esse o nosso amargo fim.
Viva o CIRCO!
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