domingo, 24 de agosto de 2008

SEM APLAUSOS




Desertos ficaram os camarins

Sem máscaras sem fantasias

De colorido cetim esquecidas

Soltas nos cabides pelas coxias


Por inúteis as luzes são apagadas

Sumidos nos instantes de espelhos

Mil cenas com trejeitos ensaiados

Ecoam nos corredores os conselhos


Paira por toda parte o silêncio

Contagiante é o total negrume

Atrás de imensos reposteiros

Perduram vestígios perfumados

Presentes e sonhos vaga-lumes



Guardado no grande palco vazio

Por trás das cortinas fechadas

Resiste novo alento e desafio



Volta à cena o ator principal

Do espetáculo há retomada

Ainda distante do ato final


Reaberta da vida a cortina

Mais uma vez se aproxima

O clímax de cenas e de sina


De novo é espetáculo humano

No mesmo teatro a compasso

Tudo em seu lugar, sobe o pano

Aplaudam os artistas os palhaços.



Conceição Pazzola

09/10/1998.


Foto: Atelier Roxane de Máscaras - Carnaval em Veneza.






Um comentário:

Elma do Nascimento disse...

Nem sempre o público compreende o que vai por trás do sorriso ou da gargalhada do palhaço... É preciso ir mais além, nas profudezas da alma...