Desertos ficaram os camarins
Sem máscaras sem fantasias
De colorido cetim esquecidas
Soltas nos cabides pelas coxias
Por inúteis as luzes são apagadas
Sumidos nos instantes de espelhos
Mil cenas com trejeitos ensaiados
Ecoam nos corredores os conselhos
Paira por toda parte o silêncio
Contagiante é o total negrume
Atrás de imensos reposteiros
Perduram vestígios perfumados
Presentes e sonhos vaga-lumes
Guardado no grande palco vazio
Por trás das cortinas fechadas
Resiste novo alento e desafio
Volta à cena o ator principal
Do espetáculo há retomada
Ainda distante do ato final
Reaberta da vida a cortina
Mais uma vez se aproxima
O clímax de cenas e de sina
De novo é espetáculo humano
No mesmo teatro a compasso
Tudo em seu lugar, sobe o pano
Aplaudam os artistas os palhaços.
Conceição Pazzola
09/10/1998.
Foto: Atelier Roxane de Máscaras - Carnaval em Veneza.
Um comentário:
Nem sempre o público compreende o que vai por trás do sorriso ou da gargalhada do palhaço... É preciso ir mais além, nas profudezas da alma...
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