O menino admirou o seu ventre crescido com olhar fixo de adoração por muito tempo. Sonhava de olhos abertos, via-se a flutuar na penumbra úmida, escura, aquecida e gostosa, achou a idéia deveras reconfortante, queria transformar o sonho em realidade, impulsionou o pequeno corpo, a tempo ela abriu os braços, enlaçou-o carinhosamente. De olhos fechados, juntou as forças e rodeou-a com os braços franzinos. Gostaria de ficar assim por todo o sempre, somente ela e ele, juntinhos.
Assustou-se ao receber o chute inesperado contra o estômago, a pele intumescida do ventre mostrou o formato de um pé minúsculo. No mesmo instante ela procurou o seu olhar com um sorriso radiante, tão luminoso, o pequeno coração do menino rendeu-se à intensa ternura. Bastou aquela rápida troca de olhar, convenceu-se de que o sentimento pelo intruso de rejeição, quase ódio, acabara de metamorfosear-se em amor.
Patinou satisfeito na inusitada emoção, a vida poderia ser muito boa, sem uma palavra ela conseguira o milagre. Sentiu-se feliz e confiante, teria alguém do seu tamanho para lhe fazer companhia.
Conceição Pazzola
Maio/2008.
Um comentário:
Só não achei a pieguice!! Gostei muito! Amor é assim mesmo!
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