Sueco faz retrato cruel da juventude perdida
Ninguém poderia supor
Onde o vento sopra no telhado
Onde a chuva cai na vidraça
Ou o carro de bombeiro apita
E os carros passam velozes
Rumo aos seus vários destinos
Ninguém poderia supor
Sobre os telhados das casas
Nas coberturas de edifícios
Antes e tão perto do céu
Passeiam os anjos felizes.
Ninguém poderia supor
Quanto eles sonharam
Mas a vida cruel destruiu
Todas as ilusões e sorrisos
Todos os sonhos de Lília
Ninguém podia supor
De seu tinha só o corpo
Jovem e tão cheia de fé
No amor e nas palavras
Tão fáceis de acreditar
Nem ela haveria de supor
Quanto pode ser tão cruel
A frieza nos modos do homem
A cada hora vem novo cliente
Urgia reaver todos os gastos
Cobrados no corpo de Lília
Nem ela poderia supor
Quando o anjo abriu asas
Acolheu a sua grande dor
Enxugou suas lágrimas
Ajudou-a a pensar grande
Mostrou grandes asas brancas
Com elas poderia ir muito longe
Encontrariam juntos novo caminho
Em qualquer lugar no azul do céu
Sobre os lixos daquela cidade cruel
Voariam juntos e para sempre, afinal
Lília conquistou suas brancas asas
Sentiu o abandono das correntes
Abraçou o seu alvo anjo da morte
Alcançou o seu direito de voar
Ninguém haveria de supor
Sobre as casas e os edifícios
Agora existe uma legião de anjos
Eles foram marcados para morrer
Com seu anjo ela vai rumo ao céu
Livre de todas cobranças e luxúrias
Lília conquistou suas brancas asas
Deu adeus a todas amarguras.
Conceição Pazzola
Olinda, 11/12/2007
2 comentários:
Triste, né, Ceiça?!
Abraços,
Gerlane
Muito tocante...o esfumar de uma vida é algo sempre doloroso.
Nosso mais real.
Kim
Postar um comentário