Nas ruas apinhadas, nos centros de compras, há gente indo e vindo, todo mundo comprando às pressas. Ninguém dispõe de tempo para apreciar o nascer do dia, o raio de sol que parece brincar nas vidraças da janela, nas poças d’água das calçadas. Neste clima materialista, como seria recebido o aniversariante máximo desse mês tão festivo?
Se Jesus por milagre aparecesse no meio da rua, os carros freiariam a tempo? E as pessoas acreditariam, mesmo, que “Ele” voltou? Nos balcões apinhados das lojas, os olhares de cobiça se desviariam para o ilustre visitante?
O que Ele acharia do vai-e-vem enlouquecido, das vitrines cheias de papai Noel, árvores de Natal cobertas de falsa neve, do trânsito engarrafado das ruas, de tantas pessoas que esqueceram o significado de “Amai-vos uns aos outros” ?
Talvez seja preferível que não venha nos visitar, pelo menos, livra-se de sofrer decepção. Nesta insana época pré-natalina de consumismo desenfreado, talvez nem Jesus compreendesse o que toda essa gente diz comemorar no dia 25 de dezembro.
Teria ainda esta crença, falaria a mesma coisa a esta humanidade de robôs?
Conceição Pazzola.
Dezembro/1977.