quarta-feira, 21 de novembro de 2007

SOMBRAS











Interior da Capela Sistina, Vaticano, julho/1990



Silenciosa, sorrateira, de mansinho

Quase no final do caminho

Ela surgiu de improviso

Apagou o raio de luz, o riso

Fugiu a claridade conhecida

Restaram lembranças remotas

As cores, as formas antigas

Perderam-se no vazio sem volta

Tateio sem ver, abraço o escuro

Apuro mais o ouvido, ouço passos

Recolho da noite os sussurros

Aceito anônimos, desbotados abraços

Entrego minha alma em pedaços

Vou sozinha entre as trevas

Tateio a imensidão, os espaços

Perdida nessa escura selva.


À minha mãe.


Olinda, 10/01/1992.

Conceição Pazzola.


2 comentários:

Clóvis Campêlo disse...

Conceição:
O poeta tem o dom de recriar todo o universo ao seu modo.
Assim sendo, tanto o passado quanto o presente e o futuro sempre estão ao alcance das nossas mãos.
Parabéns!
Fazia tempo que eu não vinha ao seu blog.

KImdaMagna disse...

Resta-nos mesmo é tactear a imensidão, os espaços...

Bonito e causando emoção
Estamos juntos!!!
Kim