Segundo repouso em Atlântida
Opacos eus que não se escondem
Ardendo na pele,
Nas bordas do mundo.
Correm dos Ciclopes, das Sílfides.
E se espraiam na morna areia atlântica.
Trazem o ocaso para a linha da cintura,
Avermelhando o amarelo chacra.
Translúcidos eus esfumaçados
Abordam as marés como gaivotas.
E os bicos mergulham e sentem frio.
Arrepiam-se.
Piam.
O mar será minha guarida.
Essa piscosa casa nacarada,
Tritônica.
Sílvia Câmara
http://brisapoetica.blogspot.com
Fala
que há
nas profundezas
do mar azul
é o reino
encantado
do rei Netuno
de belas sereias
algas marinhas
navios antigos
silencioso mundo
onde foi parar
a criança
sozinha.
Conceição Pazzola
Em meu silêncio,
falo de desertos e
pássaros de areia
que se apagam
e se redesenham
inesquecíveis
inexplicáveis
de sonho
e areia.
Falo do que lacrimeja
o olho.
Martha
http://mariamuadie.blogspot.com
FALA
Falo de agrestes
pássaros de sóis
que não se apagam
de inamovíveis
pedras
de sangue
vivo de estrelas
que não cessam.
Falo do que impede
o sono.
Orides Fontela (de Teia,1996)
Biobibliografia:
Orides de Lourdes Teixeira Fontela nasceu em São João da Boa Vista, interior de São Paulo, em 21 de abril de 1940. Começou a escrever poemas aos sete anos de idade. Como ela mesma dizia, sua família "não tinha base cultural, meu pai era operário analfabeto, de modo que a cultura que peguei foi na base do ginásio, escola normal e leitura". Aos 27 anos deixou sua cidade natal e veio morar em São Paulo com dois sonhos na cabeça: entrar na USP e publicar um livro. Cumpriu os dois: fez Filosofia e publicou seu primeiro livro, Transposição , com a ajuda do professor Davi Arrigucci Jr., seu conterrâneo. Depois de formada, foi professora do primário e bibliotecária em escolas da rede estadual de ensino. Publicou ainda Helianto (1973), Alba (1983), Rosácea (1986), Trevo 1969-1988 (1988) e Teia (1996). Com Alba, recebeu o prêmio Jabuti de Poesia, em 1983; e com Teia, recebeu o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte, em 1996. Sempre com dificuldades financeiras, no final da vida acabou sendo despejada de seu apartamento no centro da cidade e foi viver com sua amiga Gerda na Casa do Estudante, um velho prédio na Avenida São João. Era uma pessoa irritadiça e muitas vezes se meteu em encrencas, brigando com seus melhores amigos. Morreu em Campos de Jordão aos 58 anos, no dia 4 de novembro de 1998 de insuficiência cardiopulmonar na Fundação Sanatório São Paulo. (Jornal da Poesia)
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