Debruça a relva com a ventania
Arrasta uma flor na força das águas
Ninguém ouve seus gritos de agonia
Entregue ao rodopio da correnteza
Suas pétalas agonizam lentamente
Vão de enxurrada sem defesa
Indiferente o rio segue em frente
Obediente à força da natureza
Como a flor dizimada pelo vento
Prossigo afogada na incerteza
Da vida insana sem lamento
Insegura e distante da represa
Envolta na tormenta, devagar
Rendo-me a um torpor benfazejo
Desisto de querer e de sonhar
Desperdiço pétalas dos desejos.
Conceição Pazzola
Junho/2008