domingo, 9 de novembro de 2008

VISTA A MINHA PELE


Navio Negreiro de Castro Alves, imagem Google


Poema Para 20 de Novembro

Dia da Consciência Negra


Dia da consciência branca

Dia da consciência pesada

Silas Corrêa Leite



Vista a minha pele
Você conseguiria?
Seja negro só por um dia
Seja preto por mim
Somando todas as minhas cores assim

Vista a minha pele
Sinta a minha cor
Seja você quem for
Capture a minha dor
Lá dentro de mim
E procure me compreender melhor assim


Vista a minha pele
Eu sou igual a você
Ser humano porque
Corpo, Mente, Coração
Então, por que racismo e discriminação?


Vista a minha pele
Sou vermelho por dentro
E negro sempre cem por cento
Afrodescendente
Além de para sempre
Inteiramente ser humano e sobretudo gente


Vista a minha pele
Vista-se de mim
E procure me entender seu igual assim
Seu irmão da maravilhosa e cósmica raça
E então veja tudo o que dentro de mim se passa


Assim você confere
Assim você vai se sentir
Dentro da minha pele
Como eu quero ser árvore e florir
Como eu quero ser janela e me abrir
Como eu quero ser estrada e prosseguir
Que eu quero ser estrela e sorrir
Sem ninguém para me ferir
E você vai captar então
A pureza do essencial
O que eu quero é total libertação
E todos iguais na coloração
Numa democracia racial


Vista a minha pele
Seja um pouco eu mesmo por aí
Dentro de você - para você sentir
Sou preto brasileirinho
Sou negrão e sou negrinho
Sou negro do seu mesmo valor
E tenho a Mama-África no meu interior

Depois de me vestir e de se sair de si
Deixando de ser eu negão aí
Venha me estender a sua mão
E de coração para coração
Abrace-me como um seu completo irmão
Pois a nossa pele espiritual será uma só então
Numa sagrada celebração.

-0-

Silas Corrêa Leite, de Itararé-SP, Poeta, Educador, Coordenador de Pesquisas da FAPESP-USP-Culturas Juvenis – Autor de “Porta-Lapsos”, Poemas, e “Campo de Trigo Com Corvos” Contos, Editora Design
EMEF José Alcântara Machado Filho, Real Parque, AR-BT, São Paulo-SP
Endereço eletrônico: poesilas@terra.com.br
Site: www.itarare.com.br/silas.htm

Texto da Série: Afrobrasilis – “Amalgamados - Dos Filhos Deste Solo”

(Silas Corrêa Leite, inédito)



Um comentário:

LEIA SILAS Literatura Contemporânea disse...

Que bom ver meu poema aqui
Abraços
Silas
www.portas-lapsos.zip.net
ou
www.campodetrigocomcorvos.zip.net