Agora que a longa chuva deu trégua
Sem borbulho nas calhas de telhados
Vejo entre nuvens o colorido arrebol
Quero passear em calçadas molhadas
Vou ao encontro de outras meninas
Tão felizes e descalças como eu sou.
O longo temporal e a forte ventania
Derrubou sob árvores gostosos oitis
Em breve teremos sorrisos amarelos
Trocaremos nossos alegres segredos
Depois de risadas e suspiros reprimidos
Impacientes, envoltas pelo brilho do sol
Em grupos ruidosos pedalamos bicicletas
Seguidas de perto por olhares preocupados
Daqueles que serão um dia nossos maridos
De tanto pedalar ao sabor da ventania
Teremos desmanchados os cabelos
Inflamados em nossos peitos os desejos
Inconfessos verdes anos de puberdade
Sufocada sob as pregas do vestido
Aflorada em rimas de cantigas e solfejos
Repartida entre as amigas sem juízo
No regresso às nossas casas ao fim do dia
Afogueadas por tantas risadas e euforia
Ainda unimos os nossos assobios irritantes
Ao canto de cigarras, sabiás e bem-te-vis
Entre os galhos da árvore, vigilantes
Saúdam os pequenos comedores de oitis.
Maria da Conceição Cardim Pazzola.
Olinda, 13/7/02 (09:20)
Um comentário:
Fiz um agradável e leve passeio por teus versos, querida Ceiça!
Beijos!
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