segunda-feira, 29 de outubro de 2007

O CHEIRO DO CAJUEIRO


Pergunte ao tempo

Por que tanta chuva

Tanto frio e vento

Para onde levaram

O calor do Nordeste

Aquela brisa mansa

Que beija e balança


Chão molhado o ano inteiro

Quem controla o pensamento

Sem controle do cajueiro


Pergunte ao vento

Que traz esse odor

De todos dezembros

Se ainda não chegou

Já quase varre o céu

Espalha-se pelos ares

O cajueiro perfumado

Visão de tempo antigo

De criança, gente feliz

Entregue ao deleite

De frutos, castanhas

Pelos meses quentes


Pergunte ao cajueiro

Por que se pôs florido

Se ainda não é verão

Os galhos varrem o céu

Conversam com nuvens

Dá flores, faz promessa

No quentes meses fartos

De frutos e castanhas


Conceição Pazzola

outubro/2007

domingo, 14 de outubro de 2007

A ÁRVORE E O MESTRE



Debaixo de uma árvore encontramos o abrigo para a chuva e para o sol inclemente. Ela nos dá frutos, alegra-nos a visão quando floresce. A solidez do tronco empresta-nos a visão da eternidade das coisas, as raízes fincadas ao solo transmitem-nos segurança. Nada mais tranqüilizante do que a copa de uma árvore, depois de exaustiva caminhada.

Desafiando as intempéries, ano após ano a sombra amiga permanece, como a nossa espera.

Também o bom mestre desafia as intempéries da vida quando se entrega ao ofício escolhido. Ele nos oferece a seiva preciosa das raízes do saber: as flores, os frutos, a sombra.

Alinha à paciência as flores da sabedoria e do amor quando nos conduz pelos caminhos arenosos do conhecimento. Frutos sazonados colhidos em tempo certo, são os resultados do quanto soubemos com ele aprender. À sombra amena dos louros descansamos, garantindo os dias futuros, quando bem aplicamos a aprendizagem com ele absorvida.

O bom mestre sempre assemelha-se a uma árvore. Fortaleza de solicitude e de amor, fonte inesgotável onde buscamos flores, frutos e sombra (abrigo).

A ele recorremos nas horas de necessidade. Quando é preciso continuar a jornada, dele nos despedimos sem nenhuma dúvida, na certeza de encontrá-lo a nossa espera, onde o deixamos.

Conceição Pazzola

1984/março.