sábado, 24 de dezembro de 2011

VÉSPERA DE NATAL

Imagem google






Parado diante da padaria, ele esperava que a chuva passasse para ir ao encontro com a mulher, marcado horas antes. Ela lhe telefonara, pedindo que a encontrasse depois de cinco anos de separação. Ainda a amava, mas, estava decidido a não ceder. Tudo acontecera quando o carro quebrara e ele o havia deixado na oficina. Tomara um ônibus lotado para voltar para casa, quando começara a esvaziar aproximava-se sua parada e encaminhara-se, pedindo licença aqui e ali, para a porta de saída. Foi quando a viu, sentada ao lado de um homem que rodeava seus ombros com o braço de forma protetora, cochichando ao seu ouvido.
Levara um choque, mas decidiu não fazer escândalo no meio de toda aquela gente. Segurando na alça do banco onde ela estava sentada com seu provável amante fez questão que o visse; quando isso aconteceu, pediu parada e desceu, sendo seguido por ela.
Não acreditou em nenhuma de suas desculpas, fez a mala e abandonou-a. Agora, cinco anos depois, justamente na véspera do Natal, ela insistira por aquele encontro.
Quando a chuva parou, atravessou a rua e caminhou até a praça e postou-se defronte da igreja onde aconteceria a Missa do Galo, diante do coreto onde a banda de música já afinava os instrumentos. As pessoas chegavam para a missa, conhecidos o cumprimentavam com ar de surpresa ao vê-lo depois de tanto tempo.
Uma hora depois, terminada a missa, os fiéis começaram a deixar a igreja e a banda começou a tocar. Naquele momento, ele a viu atravessando a rua, um vestido florido e sapatos brancos, mais linda do que nunca.



Conceição Pazzola

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